funcionarios da FhS

Profissionais de dez categorias que prestam serviços a Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) se reuniram na tarde de ontem para debater em assembleia extraordinária o pedido de fim de contrato entre a FHS e o Governo do Estado, exigido na semana passada pelo Ministério Público Federal (MPF), através do procurado Ramiro Rockenback. Diante do receio de perder o emprego já no próximo dia 31 de janeiro, parte dos sindicalistas tentaram mobilizar os profissionais para deflagrar uma greve por tempo indeterminado. A proposta foi temporariamente inviabilizada pela mesa diretora em virtude de José Sobral, novo responsável pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), ter se mostrado a favor do diálogo, e colaborar com o pleito dos funcionários a fim de não prejudicar a assistência no Sistema Único de Saúde (SUS).

Na noite da última segunda-feira (19 de janeiro), o secretário recebeu um grupo de profissionais respondendo por várias categorias, com o propósito de buscar solução imediata para não resultar em uma demissão em massa. Caso medidas paliativas não sejam definidas até a próxima semana, mais de seis mil funcionários podem ser demitidos no último dia útil de janeiro. Entre estes profissionais estão: médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares administrativos, nutricionistas e psicólogos. Para evitar uma possível interrupção coletiva de atendimentos, estatutários e celetistas propõem um contrato no período de um ano com possibilidade de cancelamento, ou renovação. O MPF se mostra contrário ao pleito das categorias, e estuda a possibilidade de reduzir esse prazo funcional para apenas seis meses.

Para Shirley Morales, que presidiu a mesa de diálogo, o contrato de seis meses pode resultar em retrocesso gradativo dos atendimentos. Na opinião dela, o curto prazo de serviço público interferirá no bom desempenho dos profissionais e causar maiores danos para os mais de 1,4 milhões de sergipanos que dependem da assistência pública de saúde. “Seis meses é muito pouco e todos vão trabalhar já pensando em uma possível demissão, sendo assim, o procurador Rockenback tem entendido essa situação e estuda a possibilidade de aprovar esse contrato de 12 meses que estamos propondo. Parte da categoria queria greve, mas acreditamos no desenvolvimento das negociações com o MPF e o secretário, e decidimos não parar nesse momento tão importante para todos nós, incluindo os pacientes”, disse.

Ainda em análise jurídica, caso a proposta de contrato seja aprovada por todos os meios envolvidos, o Ministério Público exige a realização de uma auditoria minuciosa no sexto mês de serviço, e transparência total de todos os trâmites administrativos promovidos pela SES e FHS. Para amanhã está agendada uma reunião coletiva no Conselho Estadual de Saúde, em Aracaju, a fim de dar sequência às negociações. Os sindicatos prometem participar integralmente do debate. “A melhor maneira de tentar entrar em acordo é continuar trabalhando e participando de forma coletiva e coerente das negociações. José Sobral e o procurador Ramiro têm se mostrado preocupado com essas demissões e com a saúde de todos os usuários do SUS. Se houver retrocesso nas conversas, ai sim marcamos assembleia para estudar uma paralisação”, pontuou Shirley.

Durante a assembleia estiveram presente profissionais que atuam em unidades hospitalares e unidades de pronto atendimento do interior sergipano, além do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), e maternidades instaladas na capital. Os funcionários também receberam o apoio da Central Única dos Trabalhadores. Lideranças sindicais dizem compreender que a possibilidade de mudança da razão social da FHS demanda um debate mais aprofundado e resistem na cobrança de uma solução que não prejudique o emprego de 6 mil trabalhadores nem a prestação de serviço aos usuários do sistema. “Fomos pegos de supetão por um acontecimento que pode interferir na vida de milhares de sergipanos. Nós sindicalistas estamos determinados a encontrar alternativas?, disse a presidente do SINDASSE, Rosely Anacleto.

Integração – Para o Sindicato dos Trabalhadores na Área da Saúde do Estado de Sergipe (Sintasa), é preciso que as dez categorias permaneçam unidas e atuantes a fim de encontrar meios que não prejudique o Estado de Sergipe. Ao Jornal do Dia o presidente Augusto Couto avaliou o momento como difícil, mas que pode resultar em avanços. “O próprio Ministério Público Federal entende que essa demissão pode prejudicar e muito todos os sergipanos, estamos falando de mais de 5.500 demissões de uma só vez. O secretário, na medida do possível também tenta acordo. Estamos na luta, amanhã será mais um dia de diálogo intenso com os gestores e justiça, e a presença do secretário de saúde, e de todas as categorias seria fundamental”, afirmou.

A direção da FHS informou que permanece dialogando com as categorias. O MPF não se pronunciou quanto à participação no Conselho de Estado da Saúde.

Fonte: Por Milton Júnior (Aracajufest)