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Pela terceira vez em menos de um ano os operários que trabalham na obra de modernização do Estádio Lourival Baptista, o ?Batistão?, voltaram a deflagrar greve por tempo indeterminado. Desta vez, a paralisação ocorre em virtude de possíveis problemas no repasse de cestas básicas, gratificação salarial referente às horas extras e no constante impasse perante o pagamento do vale-transporte. A interrupção das funções foi oficializada na manhã de ontem junto ao Governo do Estado de Sergipe e a MRM, empresa responsável pela realização do serviço público. O problema da reforma que custa aos cofres públicos 13 milhões de reais está sendo debatido na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE).

Na última quarta-feira, 26, estes mesmos profissionais decidiram parar as atividades, mas menos de 48 horas depois já era possível identificar alguns operários voltando a realizar serviços no espaço. Segundo a categoria, os sinais de normalização só foram possíveis devido a um singelo progresso nas rodadas de negociação que vêm sendo promovidas desde meados do mês passado. De acordo com o carregador de concreto, Luciano Dias dos Santos, existe uma pressão para que a primeira etapa da obra seja entregue dentro do prazo, mas os direitos trabalhistas não são repassados conforme a constituição federal. Sobraram críticas até para o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon).

?As vezes parece que ele (o sindicato) está trabalhando em parceria com o governo e não ao lado dos trabalhadores. Estamos trabalhando aqui há dez meses e raramente alguém do sindicato aparece aqui para ver como estão as nossas condições de trabalho e se os direitos são cumpridos?, disse. A perspectiva por parte das secretarias de Estado da Infraestrutura, Turismo e Esporte e Lazer é que essa primeira etapa, destinada exclusivamente para treinamento estivesse concluída até o dia 20 do próximo mês de maio. Esse interesse ocorre diante da seleção da Grécia ter escolhido a capital sergipana como cidade base para estadia durante os jogos da Copa do Mundo Fifa de Futebol.

Apesar das suposições de atraso e clara preocupação do técnico grego, Fernando Santos, a direção da Seinfra voltou a afirmar que independente dos servidores terem cruzados os braços, o ritmo operacional permanece conforme planejado. Para a secretaria, seria ?prematuro? neste momento informar que a greve irá atrapalhar os planos do Governo de Sergipe em recepcionar os turistas, jornalistas e atletas da Grécia. Presente na mobilização, o representante comercial da MRM, Paulo Vasconcelos, informou que primeiramente é necessário que os trabalhadores entrem em acordo junto ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon), e ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Manutenção e Montagem do Estado de Sergipe (Sintepav/SE).

?Nesse momento não podemos colaborar diretamente nas negociações porque a Superintendência Regional do Trabalho é quem está intermediando esses diálogos e acordos. É preciso que o sindicato se entenda com os trabalhadores para que o pleito deles seja levado a debate?, informou. Em defesa dos funcionários, mesmo em meio às críticas, o Sindipav disse entender a indignação da categoria. Segundo o presidente, Albérico Queiroz, os benefícios repassados aos operários, por parte da MRM, são incoerentes. Para ele, o impasse envolve exclusivamente a administração pública e a empresa que venceu a licitação.

?É preciso enaltecer que a licitação da Seinfra estava descrito que a obra era exclusivamente de construção leve. Isso vai na contra mão das demais obras que visam a Copa do Mundo porque em todo o país obras em estádios são da categoria construção pesada. A Superintendência Regional do Trabalho tem conhecimento disso e mesmo assim, alega-se que o ajuste de preços causaria prejuízo?, disse.

Por Milton Júnior