Para ensinar as crianças que, durante uma disputa, é possível ter ideias diferentes e dialogar, sem agressões verbais e físicas, um colégio em Aracaju resolveu simular uma eleição entre os alunos. Crianças do infantil até o 5º ano do ensino fundamental ganharam título de eleitor e criaram, durante as aulas do LIV, programa socioemocional presente na unidade e em 700 escolas de todo o país, três candidatos, todos inspirados em personagens do projeto.
Os alunos do Colégio de Ciências Pura e Aplicada (CCPA) embarcaram na disputa e desenvolveram até mesmo jingles para os candidatos, que estão em campanha e têm propostas variadas, desde a criação de um dia de discussão sobre a democracia e boa ação até o aumento de tempo de recreio. A votação acontece na próxima terça-feira, (01/10) e será parecida com a oficial – terá urna eletrônica improvisada. O objetivo, diz Leonardo Matos, diretor pedagógico do CCPA, é desenvolver entre os alunos a autorregulação das emoções, responsabilidade, empatia e respeito às diferenças e ao outro.
– A festa da democracia acontece quando todos conseguem emitir suas opiniões, fazer suas escolhas, que são distintas, e ainda assim conseguirem conviver – diz Matos.
Para Ana Carolina Medeiros, coordenadora pedagógica do LIV, ações como esta ajudam no desenvolvimento de pensamento crítico.
– É durante esse período, onde há a exposição de propostas, que os alunos têm a oportunidade de desenvolver o pensamento crítico a partir do momento em que identificam diferentes realidades e perspectivas, todas com argumentos distintos. Também é uma oportunidade de ampliar o poder de comunicação, de argumentação e de escuta.
A professora de LIV do CCPA, Aldilene Rodrigues, idealizadora do projeto Eleições, explica ainda que a ideia principal é falar sobre democracia e respeito.
Dentro dessa perspectiva, trabalhamos também as habilidades socioemocionais, levantamento de hipóteses de forma consciente, respeitando o direito de escolha do outro. Ainda dá tempo de outras escolas usarem as eleições para discutir assuntos que são cruciais para a sociedade, como as fake news.
– Elas podem abordar como é feita a circulação e disseminação das informações. É importante que os alunos, diante de qualquer notícia que recebam, busquem as fontes, procurem saber se a informação está sendo divulgada em grandes veículos de imprensa, quais são as pessoas citadas naquela matéria. Com essa prática, os estudantes conseguem desenvolver o pensamento crítico, mas também conseguem reunir subsídios para argumentar sobre o que está sendo divulgado. Muitas informações falsas são projetadas justamente para engajar, criar adesão. Os jovens precisam ter discernimento – explica Ana Carolina.
Outra discussão importante, que as eleições oficiais têm gerado, é a comunicação não-violenta. As escolas podem promover debates em que os estudantes precisam se posicionar contra ou a favor de um tema, respeitando sempre a opinião contrária.
– Neste exercício, os alunos também desenvolvem a capacidade de escuta, empatia e aprendem que mesmo que os posicionamentos sejam divergentes, têm que ouvir e respeitar a opinião e escolha do outro – finaliza a coordenadora pedagógica do LIV.