Adauto Machado expõe seu mais recente trabalho em reinauguração da Galeria J Inácio

?Agora, eu vou morar na casa nova?

Adauto, um dos maiores nomes das artes plásticas em Sergipe, é pintor, escritor, desenhista publicitário e professor de artes. Ao longo de sua história, participou de diversas exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior e tem sua carreira marcada pela intensa produção cultural.

O artista empresta seu talento e sua peculiar visão a respeito do folclore sergipano, delicadamente retratado em telas, à reinauguração da Galeria J Inácio, localizada na Biblioteca Pública Epifânio Dória. Seu mais recente trabalho, a vernissage ?Sergipe, cor e cultura?, tem como temática principal as manifestações culturais sergipanas. Diversas tradições culturais sergipanas são retratadas em suas obras, a exemplo de “Taieiras”, ‘Chegança”, Cacumbi”, São Gonçalo”, “Samba de Coco”, “Parafusos”, “Guerreiro Treme Terra”, “Lambe-sujo e Caboclinhos”, “Cavalhada”, e “Reisado”.

?A galeria leva o nome do meu colega?

J Inácio

J. Inácio é um dos mais queridos e populares artistas sergipanos e recebeu muitas homenagens em vida e após sua morte. A sua irreverência, aliada à sua inquietude, fez dele um artista singular, livre de conceitos, de estilos, de temas e de escolas.
A relação de Adauto com J Inácio é perceptível ao mínimo contato com ele. ?J Inácio é uma figura que eu acompanhei durante muitos anos e de quem eu tenho muitas histórias para contar. Ele foi muito importante para mim. As pessoas me perguntam se eu sou filho dele, não só pela proximidade, mas pela aparência e por ser artista?, declara, com perceptível carinho.

?Nós já tivemos na J Inácio, exposições em nível internacional?

A galeria e sua história

A Galeria J Inácio foi inaugurada em 1981, com uma exposição do pintor Ronaldo, Gomes de Oliveira, o ?Caã?. Desde então, tem sido palco das artes plásticas em Sergipe, recebendo exposições de artistas de renome nacional e internacional, além de artistas sergipanos consagrados, como José de Dome, Horácio Hora, Álvaro Santos, Florival Santos, Pythiu, Cãa, Leonardo Alencar e Jenner Augusto.

?Aquela galeria é o meu xodó. Acredito que foi na J Inácio que eu participei do maior número de exposições, em toda a minha vida, não apenas em Aracaju. Mesmo tendo mudado muito de lugar, participei de exposições em todos os diversos locais em que esteve?, relata Adauto.

Para Adauto, o fato de estar localizada na Biblioteca Pública Epifânio Dória, dá ainda maior ênfase à relevância da Galeria J Inácio. Em seu depoimento, ele declara que ambas ?funcionam como um berço da cultura e arte?.

?Ser o protagonista dessa reinauguração é muito importante para mim?

A reinauguração

A Galeria J Inácio funcionava no hall da Biblioteca Pública Epifânio Dória. Para dar condições de receber adequadamente as obras plásticas a serem expostas, uma sala dentro da Biblioteca, onde antes funcionava o Conselho Estadual de Cultura, passou por uma meticulosa reforma, na qual itens como iluminação controlada e ventilação foram cuidadosamente planejados.
Como artista e profundo conhecedor da Galeria J Inácio, Adauto demonstra muito otimismo com a reforma realizada pela Secretaria de Cultura. ?Está acontecendo uma mudança radical, porque o espaço considerado o espaço da galeria não é mais o mesmo. O Hall era o que servia de suporte para as exposições. Hoje, ele vai continuar fazendo parte, por se tratar do prédio, mas a galeria vai ocupar o espaço que era destinado ao Conselho de Cultura. Eu já fiz parte do Conselho de Cultura, conheço bem aquele espaço e hoje, quando eu entro lá, é que eu tenho a dimensão do quanto ele é grande e do quanto as paredes são interessantes para colocar uma obra de arte?, avalia.

?Hoje, o folclore na minha vida é uma realidade?

A Vernissage

O trabalho apresentado nas telas da vernissage ?Sergipe, cor e cultura? apresenta diversas tradições culturais sergipanas. A temática é inusitada na carreira de Adauto. A inspiração veio da infância, quando em sua cidade natal, Nossa Senhora das Dores, no interior sergipano, o artista contemplou, admirado, apresentações de grupos folclóricos. ?Eu achava bonito. Tudo o que era folclore ou manifestação cultural sempre me atraiu, mas, a título de curiosidade, como expectador, não a fim de transformar aquilo em uma obra de arte, através de uma tela pintada por mim. As peças, em si, que serão expostas, tem uma conotação totalmente diferente do trivial?, relata.

A vida das peças de Adauto, as cores com que ele apresenta a diversidade cultural sergipana funcionam, também, como uma documentação artística dos movimentos. ?O fato de fazer uma exposição desse porte é muito importante. Eu me sinto honrado por fazer parte disso e de ser agraciado com essa coisa bela que é o folclore nas minhas telas?, complementa.

Fonte: SECULT