desabamento

Passaram-se três meses do desabamento de um prédio no bairro Coroa do Meio, em Aracaju, e nenhum laudo técnico foi apresentado até a tarde de ontem. O sinistro que contabilizou no último domingo 90 dias segue sem definição coerente dos motivos que podem ter causado o colapso do imóvel e soterrar por mais de 30h uma família inteira. Conforme informações apresentadas pela Delegacia do Turismo, responsável por coordenar as investigações, o trabalho de análise está parado em razão de existir pendências por parte do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Sergipe. A nova previsão para relato dos fatos está pela terceira vez estimada em 30 dias.

O atraso nas investigações pode estar atrelada a falta de condições estruturais do CREA/SE para poder analisar com precisão cada detalhe do acidente que resultou na morte de um bebê de apenas 11 meses. De acordo com a assessoria de comunicação do conselho, o posicionamento final dos especialistas do CREA só deve ser apresentado em última instância quando o relatório elaborado pelo delegado Valter Simas for divulgado. Outro impasse encontrado estaria na ausência de materiais coletados no dia do desabamento. Luciana Braga, assessora do Conselho de Engenharia e Arquitetura confirmou o sumiço.

“Infelizmente, por um motivo ainda desconhecido o conselho não encontrou estes serviços de coleta de material e análise laboratorial em Sergipe. Sendo assim, foi preciso procurá-los fora”, disse. Nos últimos três meses o Portal Aracajufest vem acompanhando o desenlaçar deste fato que foi notícia internacional. Apesar de toda a mobilização de técnicos especialistas que atuaram no resgate, incluindo profissionais da Força Nacional enviados pelo Governo Federal, pouco dos estudos pós sinistro foi apresentado à sociedade que aguarda a conclusão do inquérito. O certo é que o desabamento ocorreu na rua Poeta José Sales de Campos por volta das 2h30 da madrugada do sábado 19 de agosto, e tratava-se de um edifício residencial em fase final de construção.

Em todas as tentativas de entrevista junto ao delegado, Valter Simas negou conceder qualquer tipo de informação e garantiu apenas se manifestar publicamente ao final de todo o estudo promovido por uma comissão de peritos representando variados órgãos e conselhos. Enquanto o laudo não é apresentado em definitivo, setores técnicos como o Corpo de Bombeiros Militar e o Departamento de Criminalistiva do Estado de Sergipe garantem permanecer a disposição da Delegacia do Turista. Nos dias após o ocorrido foi garantido que a obra estava sem a devida inspeção de um arquiteto ou engenheiro. Até hoje, o nome do especialista até então responsável pela obra permanece oculto. Isso tem causado estranheza aos aracajuanos.

Para Luiz Alberto Nogueira, residente da mesma rua onde ocorreu o desabamento, é preciso que os órgãos de fiscalização identifiquem logo os motivos a fim de evitar que outras tragédias sejam possíveis. “Já sabemos que outros prédios em construção aqui na Coroa do Meio pertencem a este mesmo empresário é que poderia estar ocorrendo os mesmos problemas. Acredito que, com a apresentação desse laudo os demais órgãos poderão agilizar as fiscalizações. Parece que foi só passar o susto e o resgate das vítimas que esse estudo tenha sido arquivado e em segundo plano. Esse meu posicionamento é compartilhado com os vizinhos, garanto”, disse.

No dia do acidente o prédio estava tendo sua fachada finalizada e poderia ser entregue aos ex-futuros moradores em até 20 dias úteis. Após o desabamento e constatação da presença de pessoas soterradas, dois tratores tipo retroescavadeiras foram utilizados para abrir caminho para peritos, membros da Defesa Civil, Bombeiros e cães farejadores da Polícia Militar. Vítimas já foram localizadas quatro horas após o início dos trabalhos. 21 horas após do conseguido repassar através de sonda energéticos e água. O resgate das quatro vítimas ocorreu por volta das 12 horas do domingo (20 de outubro).

Fonte: Por Milton Júnior (Aracajufest)