Gustavo encontrou novo parceiro para dividir os palcos 18 anos após a morte de Sandro, vítima de hepatite C 

Sandro e Gustavo: dupla retorna 18 anos depois
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Sandro e Gustavo foram um dos primeiros artistas do Brasil a ter um sucesso viral. A dupla surgiu no fim de 1999 e se transformou em uma das mais ouvidas do País após participar do programa do Faustão e lançar a música Garagem da Vizinha ao vivo.

Em poucas semanas, o hit, que saiu em CD só em fevereiro do ano seguinte, figurava entre os mais tocados nas rádios, ganhou versão de Frank Aguiar, garantia aos músicos uma demanda de 15 shows mensais pelo Brasil e impulsinou a venda de 150 mil cópias do disco de estreia deles.

Mas o sucesso foi efemêro. Não porque eles não tiveram a sorte de emplacar uma segunda música tão popular, mas porque enfrentaram uma tragédia no meio do caminho.

No segundo semestre de 2000, Sandro recebeu o diagnóstico de hepatite C e precisou se desligar da dupla. O tratamento no Instituto Neurológico de Goiânia, no entanto, não surtiu efeito e o músico morreu em dezembro daquele ano após ter sido mantido por uma semana com um coágulo no cérebro.

Gustavo recorda que o caso o abalou duplamente. Além de parceiro profissional, Sandro também era seu cunhado. Fora isso, ambos estavam apenas começando a desfrutar do sucesso, quando tudo precisou ser recomeçado do zero.

 — À época, a Abril Music apostou que eu ia conseguir tocar a carreira sozinho, já que Leonardo e Daniel haviam passado por tragédias semelhantes e prosperado. Mas nós não tínhamos todo o sucesso deles antes daquela infelicidade e, na época, um artista solo de sertanejo ainda era algo incomum. E, então, logo depois a gravadora faliu e eu segui sozinho, sem tanto destaque.

Caminho diferente

Desde então, o músico vinha se dividindo entre carreira solo e atuação como dono de casa de shows em Palmas, no Tocantins. Gustavo conta que só cogitou retomar a configuração de dupla no ano passado. Para ele, esse era ainda um assunto muito delicado, mas que teve em outra tragédia pessoal uma mudança de rumos.

 — É sempre difícil mudar alguém em uma dupla ou banda. Pode haver rejeição e acusações de oportunismo. Eu lancei quatro discos e um DVD sozinho. Quando fui gravar o segundo DVD, perdi minha mulher para a leucemia, em 2013. Fiquei dois anos afastado da carreira musical para pensar o que faria dali em diante, já que ela era minha esposa e produtora de estrada. Foi quando convidei um amigo para ser o “novo Sandro”.

Nessa formação, a dupla já gravou o primeiro disco, com produção de César Augusto. O projeto conta com oito inéditas e novas versões de Imã Garagem da Vizinha.

Gustavo conta que retomar o projeto quase 20 anos depois é um desafio, mas que ele confia que exista espaço para duplas com essa estética dos anos 90 em shows mais nostálgicos.

— Tem quem goste do sertanejo mais pop, mas também existe espaço para Gian e Giovani, Zezé, Leonardo, Matogrosso e Mathias e nós. Sertanejo virou a música preferida do País e o auge criativo de tudo isso foi há 20 anos.

A primeira música de trabalho nesse retorno é Põe Zezé e Luciano, lançado no início de maio. E nela, Sandro e Gustavo fazem exatamente uma referência ao sertanejo do período em que surgiram.

— O Sandro original e eu pertencemos a essa geração. Antes de nos juntarmos, já tínhamos outras duplas que pertenciam ao catálogo da gravadora RGE. Então, estou na estrada há muito tempo e passei por várias gerações do estilo, mas nada como falar sobre o que vivemos com intensidade e com um trabalho que é uma homenagem à memória do meu antigo parceiro e cunhado.

Fonte: R7, por Helder Maldonado