Assaltos, agressões, sequestros relâmpagos, e muita vulnerabilidade social. Essa é a situação enfrentada diariamente pelos estudantes da Faculdade de Sergipe, que, cansados da vasta violência que predomina a região, decidiram na noite da última segunda-feira, 09, bloquear parte da Avenida Francisco Porto. Por ironia do destino, ou verdadeira ousadia por parte dos meliantes, na maioria das vezes adolescentes, pouco antes do início do ato público quatro alunos da instituição de ensino foram abordadas por dois jovens devidamente armados e tiveram os respectivos pertences levados. Sem corriqueira ronda militar, as vítimas afirmam que todos os dias os assaltantes costumam se esconder nas vegetações próxima ao viaduto e em seguida atuar violentamente contra os transeuntes.
Conforme breve estatística realizada pelos manifestantes, só nos primeiros dez dias desse mês de junho mais de 40 pessoas foram assaltadas em um dos três turnos nos quais aulas são ministradas na Fase. Preocupados com a situação que se arrasta pelos últimos três anos na região, os centros acadêmicos, com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), pretendem intensificar as mobilizações a fim de buscar uma imediata solução para essas ocorrências. Na tarde e noite de ontem os estudantes voltaram a se reunir e tentam viabilizar o apoio da instituição que até o momento resume-se em apenas alertar os ?clientes? a redobrar a atenção na hora que chegam, ou deixam o local de qualificação profissional.
Atualmente sem Diretório Central dos Estudantes (DCE/FASE), integrantes da UNE é quem preside as discussões. De acordo com o universitário Thiago Aquino, secretário da União Estadual dos Estudantes de Sergipe (UEES) e membro da UNE, o tema violência contra os estudantes da Fase trata-se de um tema antigo que permanece sem solução. ?Todos os alunos percebem que todo dia passa um carro da Polícia Militar aqui na frente da faculdade, mas apenas isso. É preciso um grupamento fixo em pontos estratégicos como no ponto de ônibus, debaixo do viaduto e na praça ao lado da faculdade. Todos sabem desse problema assustador e ninguém faz nada, por isso os alunos decidiram se unir e realizar manifestações?, declarou.
Sensibilizados com a problemática, muitos professores aderiram ao ato dos alunos, mas preferem o anonimato em virtude de possíveis perseguições dentro da própria instituição. Questionado quanto a perspectiva de novos atos já a partir da semana que vem, Aquino informou que a meta é mobilizar todos os estudantes e fortalecer a luta. Apenas com a união de toda a comunidade estudantil, inclusive dos moradores da região esse assunto pode deixar de virar notícia. ?Muitos professores já estão do nosso lado, agora basta os próprios alunos e moradores se juntarem à causa e quem sabe acabar com essa marginalidade toda aqui. Todos aqui estão na mira dos bandidos. Precisamos de policiamento ostensivo e integral?, pontuou Thiago.
IFS ? Há pouco mais de três meses os estudantes do Instituto Federal de Sergipe, também sem suportar a quantidade de assaltos no entorno da unidade de ensino, bloquearam a Avenida Desembargador Maynard e criaram uma barricada de fogo em pneus. A mobilização deu certo e quase que diariamente uma viatura da Rádio Patrulha se posiciona nas proximidades da entrada principal do instituto. Essa é a meta dos alunos da Fase. ?Queremos ter esse mesmo direito. Os alunos do IFS saíram campeões nesse pleito e aqui não iremos sossegar enquanto o problema não for resolvido. Nos dias de chuva, como hoje, esse número de assaltos aumenta ainda mais?, afirmou a estudante Ana Letícia.
Pelo Departamento de Relações Públicas da PM/SE foi dito que as vítimas desses assaltos necessitam registrar boletins de ocorrência. Essa atitude contribui para que medidas paliativas sejam adotadas em curto prazo. ?Precisamos dessas estatísticas para que possamos buscar soluções para o problema. De qualquer forma nos mostramos dispostos a conversar com os estudantes e inibir essas ações negativas?, declarou o coronel Paulo Paiva.
Por Milton Júnior (Aracajufest)