As vaias de domingo (4) direcionadas à nova vocalista da Timbalada, Millane Hora, estão ecoando na internet. Depois que a cantora alagoana recebeu críticas em sua estreia no Museu du Ritmo, fãs do grupo lançaram uma campanha de boicote ao próximo ensaio, marcado para o dia 18.

Muitos fãs contestam sua falta de afinidade com a Timbalada, com a história do grupo e a identidade negra, além do fato dela não ser baiana. A cantora, que participou do The Voice Brasil – reality musical da Globo do qual Carlinhos Brown, criador da Timbalada, é jurado -, foi apresentada ao público há duas semanas.

Na terça (6), timbaleiros usaram hashtags como #PublicoZero #VamosEsvaziarOMuseu #RespeitoÉBomTimbaleiroGosta e #DevolvamMinhaTimbalada nos comentários das postagens oficiais da banda para divulgação do início das vendas de ingressos para o show.

“(…) Nunca vi um ensaio com energia tão ruim. Nunca vi o público tão desanimado. Nem a banda estava satisfeita. Ela pode até ser uma excelente cantora, mas não tem a pegada timbaleira, não sabe cantar as músicas da Timbalada, não tem voz para acompanhar o toque do timbau. (…) Achei feio as vaias, meu protesto é não ir mais aos ensaios nem sair no bloco”, disse um seguidor do grupo no Facebook.

A jornalista Malu Fontes, em artigo publicado na edição desta terça (6), no jornal CORREIO, afirmou que o fato da cantora não ser negra nem baiana motivou as vaias: “Essas duas características, a branquidade e a condição de não-baiana, não foram toleradas pelo público da Timbalada, que…subiu o tom da intolerância e não se cansou de vaiar Millane até ela sair de cena. Pouco se ouviu até agora sobre o talento da cantora ou da falta dele. Já sobre sua origem não-baiana e sobre sua cor de pele, as redes sociais não deixam dúvida: são esses seus pecados capitais”. 

Já jornalista e digital influencer Maíra Azevedo, a Tia Má, atribuiu as críticas “a erros técnicos e de discurso” da artista. “Sobre a nova cantora da Timbalada. Pois bem… Não rolou química mesmo… Desafinou, não tinha entrosamento com os músicos, e isso era percebido pelos fãs mais atentos. Houve vaias, mas poucas. O que se percebia era o desânimo das pessoas… na tentativa de mostrar que era danadona… resolveu fazer discurso. ‘Sou branca sim, mas a cultura não tem cor, arte não tem cor, o mesmo sangue que corre nas minhas veias, corre na de vocês'”, opinou no Instagram.

O público também se manifestou contra a forma como Millane respondeu às vaias. “A cantora atual vem se colocando na condição de vítima, alegando racismo por parte dos timbaleiros. Nossa manifestação não tem nada a ver com a cor da pele e sim com a descaracterização da banda, que vem acontecendo há algum tempo”, publicou uma internauta.

Uma página no Facebook, intitulada Devolva A Minha Timbalada, chegou a ser lançada na tarde desta terça (6). “Movimento criado para reivindicar respeito a nossa nação timbaleira, a nossa Timbalada!! Dia 18 vista-se de preto, se pinte e se junte a todos nós em frente ao Museu para que juntos a gente consiga reivindicar o que estão fazendo com nossa família. Timbalada não pode ficar do jeito que está”, explica a fan page.

Acostumada a ver os ingressos dos ensaios esgotados nos primeiros dias e até horas de venda, para o segundo show da temporada a banda mudou sua estratégia. Pela primeira vez, aceitará cartão de crédito – antes a venda era só com dinheiro, limitando a dois ingressos por CPF. Isso também foi destacado pelos fãs como uma forma do grupo tentar reverter a insatisfação com a banda. “Aceitando até cartão de crédito, acho q começaram sentir a rebordosa. Só que amiguinhos da Timbalada, o problema maior é a qualidade da banda, ou vocês melhoram ou a tendência é nossa nação ficar cada vez mais decepcionada!”, postou uma seguidora.

Fonte: iBahia