Segue em ritmo acelerado as vistorias técnicas no prédio de cinco andares que desabou na madrugada do último sábado, 19, em Aracaju. Ontem pela manhã o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Sergipe (Crea/SE), junto ao Instituto Brasileiro de Perícias de Engenharia (IBP) e da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc), criou uma comissão de investigação e iniciou os trabalhos de perícia a fim de encontrar respostas para o desmoronamento que vitimou quatro pessoas e resultou na morte de um bebê de 11 meses. Conforme previsto pelos órgãos competentes, o laudo final do sinistro deve ser finalizado e publicado em até 30 dias úteis.
Conforme relatos do presidente do Crea, Jorge Silveira, desde meados de 2013 a obra era administrada pelo próprio dono do imóvel que, possivelmente sem cumprir com o pagamento salarial do engenheiro que respondia pela construção, teria sido ?abandonado? pelo profissional. Diferentemente do que foi divulgado no final de semana, os técnicos do Conselho Regional de Engenharia descobriram a existência de pavimento a mais, ou seja, o prédio que seria entregue nos próximos 50 dias não possuía quatro andares como declarado nas documentações, e sim, cinco. Paralelo a falta de um especialista acompanhando o andamento da obra, os produtos utilizados não eram compatíveis para suportar toda a estrutura montada.
De acordo com Silveira, a obra já pode ser ajuizada como irregular em decorrência da ausência de um profissional qualificado. ?Não fomos informados desse afastamento por parte do engenheiro e essa falta de comunicação oficial foi suficiente para causar este dano. Se o Crea tivesse sido informado dessa atitude do engenheiro, certamente não iríamos permitir que essa construção continuasse enquanto não fosse regularizada?, declarou. Independente das garantias de incompatibilidade profissional, o presidente não descartou a necessidade de uma avaliação minuciosa que possa relatar com clareza os motivos que contribuíram para o desabamento sobre o próprio eixo. Questionado quanto os indícios de irregularidade, o engenheiro voltou a apontar falta de especialistas na construção.
?Antes do reboco cair, como bem foi dito pelo ajudante de pedreiro que ficou preso nos escombros, eu posso dizer que faltou técnica. Antes de uma estrutura dessa desabar as portas não abrem, as paredes trincam e as vigas apresentam sérios problemas, mas quem trabalhava no prédio não tinha noção desses indícios?, pontuou. Devido a violência do desabamento, moradores da região solicitaram que agentes da Defesa Civil promovesse com certa brevidade uma vistoria nos imóveis instalados em um raio de até 100 m². Atendendo ao pleito dos aracajuanos, na manhã de ontem profissionais do órgão municipal visitaram algumas casas e apartamentos, mas não encontraram nenhum indício de gravidade.
Ao Portal ARACAJUFEST o coronel Reginaldo Moura enalteceu a necessidade de realizar novas vistorias em outros imóveis, apesar de não ter identificado nenhum aspecto preocupante. ?Não podemos abandonar essa missão porque não identificamos nada de anormal nesse primeiro contato. O impacto no solo foi grande e devemos ampliar essa fiscalização na redondeza. Solicitamos o apoio dos próprios moradores para que possam nos apontar possíveis fissuras?, disse. Os primeiros estudos foram realizados na Rua Poeta José Sales Campos, bairro Coroa do Meio, logradouro onde ocorreu o desmoronamento. Sobre a vistoria nas causas do acidente, Moura concluiu dizendo:
?Estamos contribuindo também no estudo desse laudo para identificar os reais motivos do colapso. É bom deixar claro que nosso trabalho não acabou no momento em que resgatamos as quatro vítimas. Todos os órgãos estaduais e municipais permanecem trabalhando, porém, é claro, em menor efetivo?. Além do Crea e Defesa Civil municipal, o Corpo de Bombeiros Militar (CBM), a Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Polícia Militar e a Defesa Civil Estadual permanecem atuando na área.
Por Milton Júnior (Aracajufest)