Cantor será tema enredo no Carnaval em São Paulo e vai homenagear a Unidos de Vila Isabel com CD histórico

Martinho: disco e homenagem no Carnaval
Marcos Hermes

Contrariando a própria letra, Martinho da Vila está longe de ser devagar. Prestes a completar 80 anos em fevereiro, o cantor acumula projetos, lançamentos e participações especiais para o ano de 2018.

No Carnaval, além sair pela sua escola de coração, a Vila Isabel, no Rio  de Janeiro, ele será homenageado no desfile da Unidos do Peruche, em São Paulo. Na escola do bairro Limão, Martinho estará presente no último carro alegórico, que desfilará ao som de um samba-enredo que resgata as glórias da vida e da carreira do sambista.

— Recebi o convite de duas escolas, mas o presidente da Peruche foi até o Rio para me convencer. Estou ansioso para ver o que vão levar para a avenida.

Em entrevista ao R7, Martinho dá detalhes dessa homenagem, comenta o disco em homenagem à Vila Isabel e faz um balanço sobre os 80 anos de vida.

R7 — Você chegou a ver como a Peruche vai estar na avenida?
Martinho da Vila — A escola liberou que eu acompanhasse a montagem do desfile, mas prefiro manter a ansiedade. Sou homenageado. Não queria ser o consultor do desfile. Prefiro entrar no Anhembi sabendo pouco.

R7 — Este ano você é homenageado da Peruche e homenageia a Vila Isabel com CD. Sua escola de coração não vai ter ciúmes, né?
Martinho — Quando a Vila completou 70 anos, eu pensei em gravar esse disco, mas não tive tempo livre. Agora estava mais tranquilo e resolvi fazer. O difícil foi selecionar as músicas que iam entrar no CD, já que são muitas que merecem estar nele, mas não há espaço para todas. Muita coisa que gosto ficou de fora, mas acredito que prestigiei muita gente também.

Sambista completa 80 anos em 2018
Marcos Hermes

R7 — Em 2018, você deve estar na agenda de vários tributos e homenagens, não?
Martinho — Ah, sim. A Banda de Ipanema também vai fazer homenagem no Carnaval. E a minha cidade, Duas Barras, tem toda uma agenda cultural no ano pautada na minha obra e carreira. Algumas coisas vão acontecer no Rio, mas ainda não tenho datas definidas.

R7 — É uma agenda cheia…
Martinho — Eu sempre falo que sou devagar, mas faço coisas em excesso e tenho que acabar focando em uma coisa só antes de me dispersar. Confesso que muitas vezes interrompo um período de folga para dar vida à alguma ideia que tive, às vezes nem relacionada com música.

R7 — Você sempre foi contra incentivar filhos a entrar no mundo da música. Mas mesmo assim acabou acontecendo.
Martinho — Carreira de artista é instável e desencorajei mesmo. Mas sempre que eles demonstraram interesse e provaram ter talento, eu acabei dando força. E acabou dando certo. A Martnália cresceu muito na última década. Então, talvez eu estivesse errado.

R7 — Você pensa em parar?
Martinho — Sucesso é transitório. Eu sempre pensei em parar. Sempre me preparei para isso. Por isso me envolvo em tantas coisas paralelas, como literatura e palestras. Eu sei que uma hora acaba. O erro do artista é achar que é eterno.

R7 — Você sempre foi muito politizado. Como enxerga o atual cenário?
Martinho — Eu hoje em dia fujo de política. Não confio mais. Não vejo nenhuma saída por agora e estou descrente de maneira geral.

Fonte: R7, Helder Maldonado