O funk proibidão é o que mais ecoa nas festas e bailes do gênero, nos dias atuais. Mas não há um evento de batidão sequer que não recorde o hit Éguinha Pocotó. MC Serginho levou um baque coma morte de sua dançarina, o travesti Lacraia, há 4 anos, tentou outros, mas não deu certo.
“Teve a X-Tudão, mas ela fez redução de estômago e emagreceu 40kg. E teve também o Beethoven, mas ele sempre gostou de trabalhar com corte e costura e resolveu seguir a carreira de estilista. Hoje, nos shows, eu pergunto: ‘Alguém tem um veado para me emprestar por cinco minutinhos?’. Eles ficam se empurrando uns aos outros, é o maior barato. A verdade é que a Lacraia é insubstituível. Tem muita gente que hoje nem me chama de Serginho, mas de Lacraia. É legal saber que, pela minha imagem, eles não vão se esquecer da Lacraia.”, disse o funkeiro ao jornal Extra.
Apesar de todo o sucesso de Vai, Serginho, vai Lacraia e Eguinha Pocotó, o MC luta para se manter nos palcos. Ao perceber que os convites estavam minguando, por causa da crise econômica, ele inventou o standup funk. A novidade foi bem aceita e já o levou até para a Guiana Francesa.
“Um amigo me ouviu contando histórias antes de cantar as músicas e falou: ‘Serginho, você tem um standup aí’. Resolvi experimentar numa festa de formatura no interior do Rio, no início deste ano. A cada música, eu parava para contar uma história divertida e provocar o público. O pessoal começou a curtir e interagir muito mais. Desde então, tem dado certo. Faço uma média de três shows por fim de semana. Cantei na Amazônia e até na Guiana Francesa. Na semana passada, estive em Umuarama, na divisa com o Paraguai”, contou ele ao jornal.
Para montar o standup, Serginho pesquisou.
“Comecei a assistir a programas de standup na TV fechada para montar o show. Também li uma crônica do jornalista Artur da Távola que ajudou muito. Dizia que o palavrão já está incutido na sociedade e, por isso, dependendo da entonação, você pode ofender ou agradar. Aprendi isso e estou aplicando no palco. E tem um detalhe: ao fim de toda apresentação, peço desculpas caso tenha ofendido alguém, porque sempre tem um ou outro que fica melindrado”.
Sempre com letras divertidas e irreverentes, Serginho não curte o chamado “proibidão”e o funk ostentação.
“O funk sempre foi irreverente no passado. Hoje é que as letras estão mais agressivas e não arrancam mais o riso de ninguém. As músicas falam de novinhas que abrem as pernas. Sou contra isso. Se a gente quer que as nossas crianças sejam respeitadas, temos que saber respeitar. Tem também o funk ostentação, que é uma afronta para quem ouve… Imagine um garoto de 16 anos vendo o outro com um cordão de ouro e um carrão. Ele vai acabar querendo fazer besteira para ter aquilo também. Os MCs têm que pensar nisso, porque o microfone é uma arma poderosíssima”.
Ele confessou, entretanto, que apresenta formatos diferentes de show.
“Eu tenho dois shows: um normal e outro light. Se tiver uma criança na plateia, o show vira light. Isso começou em 2002, quando DJ Tubarão sugeriu que eu fizesse uma versão mais light de Vai, Serginho para apresentar no programa da Xuxa”.
Ainda vivendo na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Sérgio Braga Manhãs, que não revela a idade, diz ter a vida que pediu a Deus e só perde o sorriso ao ser questionado se pensa em sair do local.
“Não gosto nem de ouvir essa pergunta”.