Há algum tempo eu tenho tenho vontade de falar mais sobre mim. Eu, como blogueira, poderia criar um vídeo com a conhecida tag “50 fatos sobre mim” e falar sobre minhas manias e defeitos de uma forma mais divertida (sim, posso até fazer mais pra frente). Poderia também criar um texto no facebook, pensar numas hastags e ter muitas curtidas, mas eu tô um tanto cansada… e prefiro esse cantinho aqui, que é só meu e de vocês. Me sinto mais à vontade, me sinto em casa, entende?
Eu ando preocupada comigo e com as pessoas. Eu tenho feito tudo no automático e percebo que muita gente também está fazendo isso com uma frequência preocupante. Eu vejo uma moça que decidiu partir acabando com a própria vida e ainda escuto um comentário aleatório “ah, quer saber? Ela tinha a cabeça fraca…”. Eu vejo todo mundo tentando estampar uma felicidade e respondendo “tudo ótimo” quando tudo não está tão bem assim.
E olha, não é culpa sua, eu também tenho feito isso. Quando alguém me encontra eu digo, “tudo bem e você?”, mas não, não está tudo tão legal assim. As coisas estão difíceis, os ciclos estão se fechando, mas toda passagem e mudança é dolorosa. E eu não estava conseguindo lidar com isso sozinha, apesar de ter uma família e amigos incríveis comigo sempre, mas olha, quer saber a verdade? Estamos sozinhos sim, sinto dizer.
Foi quando, em algum momento, eu decidi encontrar a minha psicóloga e eu não fazia ideia do quanto isso poderia mudar a minha vida. E olha, não estou falando de uma mudança drástica, da noite pro dia, com corte de cabelo, casa nova ou emagrecer cinco quilos (não que isso seja menos válido). Estou falando em conseguir o entendimento sobre nós mesmos, parar pra pensar na sua vida e como você é responsável pelo seu caminho.
Já estamos há algum tempo juntas e nos encontramos uma vez por semana. Conto pra ela tudo o que passo nos meus dias e confesso que é o único momento em que lembro de mim. Falo sobre as minhas sensações, sobre como enxergo as coisas e sobre como gostaria de ser vista. Ela conversa comigo, sempre com poucas palavras e sem julgamento. Na maioria das vezes ela me manda recados com minhas próprias palavras, dia desses ela disse: “Bele, você só tem 24 anos.”
Nesse mesmo dia eu havia contado a ela o quanto estava preocupada em como as pessoas me enxergavam e como isso estava me tirando algumas noites de sono (e sonhos). Disse isso depois de ter passado mais de meia hora com uma amiga no telefone no dia anterior. Essa amiga me contou dos seus problemas e eu dos meus, e, no final das contas ela me disse que nunca imaginava que eu teria tantos problemas assim, que imaginava a minha vida muito diferente antes de me conhecer mais de perto. Ela era a segunda ou terceira pessoa que me dizia aquilo.
Eu não sei por quais motivos, mas eu tenho sim muitas dores e amores. Eu tenho passado por uma das fases mais difíceis da minha vida, mas tenho pessoas maravilhosas comigo. Abandonei alguns sonhos e criei outros. Criei inimigos porque não consegui agradar a todo mundo e criei novos amigos por algum outro motivo. Mudei de opinião sobre muitas outras coisas e amadureci muito mais cedo que todas as minhas amigas da mesma idade que sabem falar mais línguas que eu e que aos 15 anos já conheciam cinco países diferentes.
Eu não consegui dar aquela dupla pirueta, eu percebi que perdi tempo, eu atrasei meus estudos porque decidi investir em outro sonho e aprendi que preciso parar de me comparar com os outros pra me sentir bem. Eu perdi aqui, ganhei ali e aprendei que ainda dá tempo. Aprendi também que a maioria das pessoas são ruins e em algum momento vão inventar alguma coisa sobre você, especialmente se você for o tipo de gente que faz alguma coisa, diferente dela, que está postando a terceira selfie seguida em uma semana.
Eu estou seguindo, com todas as minhas dores, com os meus gatos, com a minha família, com meus sonhos, meus amigos, com o cara maravilhoso e cheio de defeitos incríveis que escolhi pra ser o pai dos meus filhos. Decidi que a minha verdade é importante pra seguir os meus sonhos. E aprendi que cada um de nós tem um céu particular que deve ser respeitado, independente de qualquer coisa ou pessoa.
Ps.: Essa ilustração aí em cima foi um dos presentes mais lindos que já ganhei na vida. Coisas que o ballet me proporcionou: conhecer uma menina lá com seus dezessete anos, com quem eu conversava sobre tudo, que tinha um nível de doçura e inteligência fora do comum. Lu, sua linda, obrigada e parabéns por ser quem é.
Mil beijos,
Bele
Sigam os instagrams:
@isabeleribeiro
@mercadoxiqueblog