O ano era 2014 eu estava no auge do final do meu 4º período, tinha acabado de entrar em um estágio de assessoria da secretaria de esportes, coração estava grato, cabeça fervilhando de ideias e a mil com tudo o que eu estava aprendendo. Tal dedicação me levou a carregar o crachá com o nome em negrito escrito “imprensa” por 15 dias durante o XX Jogos Sul-americano escolar a convite do meu chefe na época.

O evento foi repleto de descobertas e de aprendizagem, eram 11 países de toda América latina, ao todo 11 modalidades, mais de 2 mil atletas, todos aqui em Aracaju- SE por 15 dias, quinze memoráveis dias onde pude conviver com os adolescentes que circulavam pelo hotel. A mim foi designado de imediato cobrir a competição de atletismo. Foram 3 dias de provas realizadas na pista da Universidade Federal de Sergipe em São Cristóvão .

Em um desses dias, observadora como a profissão exige, eu não pude deixar de notar o tamanho da delegação colombiana. Era a segunda maior, perdendo apenas para a brasileira. E no quesito resistência era uma das melhores, ficou com o segundo lugar no geral. Porém algo além do esporte muito me chamou a atenção, e não era a quantidade de crianças, a energia, a simpatia era muito parecida com a brasileira.

A diversidade e a raça também. Contagiada com o clima amigável dos nossos hermanos latinos eu me aproximei de um dos professores, cujo não me recordo o nome e comecei a perguntar sobre como eram selecionados os crianças. A explicação que eu obtive foi a seguinte: A Colômbia contém 1102 municípios nisso, há competições em todos os municípios, onde são selecionados os melhores; depois há as competições por departamentos (divisão geopolítica) ao todo são 32 departamentos onde são retirados os melhores, em seguida a competição vai para o regional e depois o nacional, sempre selecionando os melhores. Até então minha curiosidade sobre o tamanho da delegação estava saciada, mas… e como vivem essas crianças?

O professor pacientemente me explicou. Eram todas pobres, alunos de escolas públicas por isso os pais não tiveram condições de acompanhar na viagem. E como será o futuro dessas crianças, me perguntei. O professor parecia ter entendido a minha curiosidade e ainda de forma paciente explicou, que são selecionados os melhores do país e só pelo fato de estarem representando a bandeira colombiana em uma competição internacional todos os atletas que aqui estiveram ganharam uma bolsa de estudo em uma universidade que faz parceria com o Governo colombiano. Mesmo que essas crianças depois dos 15 anos não queiram mais praticar nenhum esporte eles já têm o estudo garantido.

Essa informação foi tudo que eu precisava para ter a Colômbia aquecida em meu coração mesmo sem ao menos ter posto os pés lá. Sobre o exemplo colombiano me questiono desde 2014, porque não valorizamos o esporte de base? Manter um atleta na fase juvenil é cara, haja gastos com uniformes para corpos em fase de crescimento, material, alimentação, tempo, é mais fácil empurrar milhares de fórmulas goela  abaixo e esperar que a então criança se forme em engenharia ou medicina porque esse sim é um futuro garantido.

É sábio que a vida de um desportista no Brasil não é a das mais fáceis, e nem há de ser enquanto os gastos com o sistema carcerário brasileiro for maior do que a educação. Já imaginou seu filho(a) como um atleta de alto rendimento? O esporte ensina muito mais do que chutar bolas no futebol ou dar golpes como no judô; a disciplina e o respeito ao próximo, mesmo nas modalidades Full Contact, trazem tranquilidade para jovens nessa fase de mentes aceleradas. Sem contar no bem estar e na saúde, tanto física quanto mental.

Nesse primeiro artigo eu tinha por obrigação ,com base em tudo que já vivenciei em pouco tempo, o peso na sua consciência e te fazer refletir sobre o que faz o nosso país investir tão pouco no esporte de base.

Conversem com seus filhos, procurem saber se eles têm afinidade com algum esporte, estimule… incentive… valorize. Nenhum atleta olímpico chega no pódio sem antes não ter passado pela base.