por Faby Barreto

 

Nada melhor do que explorar a nossa criatividade através da moda. Buscar novas formas de uso para as peças que já temos nos liberta da zona de conforto, incentiva a sustentabilidade e é um ótimo exercício de autoconhecimento. Além de trazer praticidade para o nosso dia dia, as roupas ganham uma nova linguagem e significado.

 

Apreciar e amar o que temos é um dos fatores fundamentais para despertar o nosso cérebro criativo e assim, enxergar novas possibilidades. Mas nem sempre conseguimos desenvolver a capacidade de criar ou até mesmo não sabemos por onde começar. Em seu livro “Raciocínio Criativo Na Publicidade”, Stalimir Vieira afirma que não existe fórmula para ser criativo, mas o que deve existir é uma atitude aberta à informação e o estímulo à sensibilidade.

 

E eu concordo muito com ele. Afinal, para existir inspiração, a sensibilidade deve se fazer presente. Treinar o nosso olhar torna a vida inspiradora, e com isso passamos a sentir mais. Rubem Alves sabia disso e escreveu em um dos seus textos para a Folha de São Paulo: “O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. A diferença se encontra onde os olhos são guardados. Se os olhos estão nas caixas de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Mas, quando os olhos estão na caixa de brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo. Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa de brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras”.

 

Os olhos que querem fazer amor com o mundo são os que provocam a nossa sensibilidade e nos permite enxergar além. Criar requer um despertar de emoções. Um mergulho no nosso interior. E só assim, teremos liberdade para brincar com tudo que vemos.