“É preciso quebrar as barreiras impostas pelo modelo de mercado hollywoodiano e inserir o cinema negro nas principais salas comerciais do Brasil”. Engajando este tipo de pensamento, produtores e cineastas Sergipanos estão elaborando, pela primeira vez, a 1º Mostra de Cinema Negro de Sergipe – Egbé. Datada para acontecer entre os dias 6 e 9 de abril, a exibição de curtas-metragens sobre a juventude negra, mulher e ancestralidade afro-brasileira visa promover uma reflexão e debate sobre o pouco espaço que tem esse tipo de produção nos principais roteiros de exibições cinematográficas do mundo.
Organizado pela Cineclube Candeeiro em parceria com a Ong Cacimba de Cinema e Vídeo, a mostra tem a frente ainda nomes como o do produtor João Brazil e da cineasta e produtora Luciana Correia. Para ela, as produções audiovisuais da ocasião trazem um conteúdo pautado há décadas em militâncias de movimentos sociais, religiosos e grupos de mulheres e são, na sua visão, a principal “arma” na superação dos preconceitos existentes no mercado cinematográfico.
“Esse tipo de produção tem muito mais representatividade social do que estamos acostumados a ver. Filmes que tratam do empoderamento da mulher negra, quebra de estereótipos, combate ao racismo, debate sobre o sexismo e genocídio, além da ascensão dos jovens negros das periferias. Esse tipo de produção não pode ficar na gaveta, precisa ter uma ampla exibição”, compreende Luciana.
E um dos curtas com maior destaque para o evento é “O corpo é meu”, da própria Luciana. A produção, segundo a cineasta, contou com a colaboração de várias amigas do curso de audiovisual da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e foi coroada com um prêmio, menção honrosa e especial na Venezuela, num festival de cinema feminista.
Segundo a organização, a Mostra será dividida entre três temas: Cinema, gênero e raça – o empoderamento da mulher negra; Cinema e juventude negra – acesso dos jovens das periferias às universidades e reflexão sobre genocídio; e Cinema, religiosidade e ancestralidade afro-brasileira – intolerância religiosa contra fiéis do candomblé e umbanda. As exibições acontecerão no Centro Cultural de Aracaju e no Sesc nas sedes do Centro, bairro Siqueira Campos e município Nossa Senhora do Socorro.