Wagner

O drama brasileiro ?Praia do Futuro? tem cerca de 20 dias de lançado no país e já levanta discussões sobre a homofobia. O filme protagonizado por Wagner Moura, Clemens Schick e Jesuíta Barbosa e dirigido por Karim Aïnouz possui cenas de sexo entre homens. Em Aracaju (SE), algumas pessoas se sentiram constrangidas e deixaram a sala do cinema durante a exibição. O fato aconteceu na semana de estreia do filme e só veio à tona ontem (21).


Um administrador, que prefere não ser identificado, esteve no cinema na semana de estreia com a namorada e perguntou a uma atendente as opções de filmes nacionais em cartaz. ?Ela falou que o mais próximo daquele horário seria Praia do Futuro. Perguntei detalhes sobre o filme e ela disse apenas que é um drama protagonizado por Wagner Moura, como gosto muito do trabalho dele aceitei a sugestão e entrei na sala?, recorda.

Após os primeiros 30 minutos da exibição do filme, o administrador deixou a sala. ?Em pouco tempo vi três cenas de sexo e me senti constrangido. Levantei com a minha namorada e saímos. Neste momento quase todos que estavam na sala também saíram. Não esperava ver o Wagner se relacionado com outro homem. O capitão Nascimento interpretado por ele em Tropa de Elite marcou muito e não tem como não fazer a associação?, explica.

A assessoria de imprensa do Cinemark informou que não tem registros de problemas com espectadores nas exibições do filme ?Praia do Futuro?. Além disso, a Rede garantiu que não adotou nenhum procedimento diferenciado na venda de ingressos para as sessões do filme.
Alguns funcionários da Rede que preferem não se identificar confirmaram que algumas pessoas estão se sentindo constrangidas, reclamando e deixando a sala antes de terminar a exibição do filme.

?A gente é quem fica constrangida com a reação de preconceito de algumas pessoas. Tem cliente também que se sentem incomodados com esse tipo de atitude homofóbica. É tão comum ter cenas de sexo em filmes brasileiros e só porque neste caso são dois homens tem gente que acha ruim por não ser avisado antes. Curioso como as pessoas não questionam as cenas de violência e morte?, analisa.

No guichê da venda do bilhete uma placa contém um resumo mais ampliado do filme, nele é informado que em determinado momento os personagens principais ?se aproximam e experimentam uma surpreendente atração física, que logo se transforma em paixão?. A medida foi necessária porque muitas pessoas pedem mais informações sobre o filme, uma vez que, a sinopse do folheto que é disponibilizado nas filas não menciona a relação amorosa interpretada pelos atores.

?Para mim essa reação pode se configurar em homofobia. Ninguém questiona ou pede para ser informado se no filme há cenas quentes entre um casal hétero. O estranhamento inicial é normal, mas ao mesmo tempo significa preconceito e falta de informação quanto às diversas formas de sexualidade?, afirma a transexual e assistente social Adriana Lohanna dos Santos, ativista do movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) em Sergipe. Ela também é coordenadora do Núcleo de Politicas Públicas da Secretaria de Estado de Direitos Humanos.

?O povo só vai se acostumar quando começar a lidar mais abertamente com a situação de um beijo gay, por exemplo. Não é que a população não esteja preparada para ver, é que ela não está aberta para entender a relação homossexual?, conclui Lohanna.

Praia do Futuro conta a história de um amor que surge a partir de uma situação difícil e das mudanças da vida.

Fonte:Infonet